Esta é uma Aventura de alta montanha à descoberta dos Pirenéus Aragoneses.
Depois de uma interação tão entusiasta desencadeada pela nossa última publicação fomos à procura da grande equipa do Flávio, Luisa, Sandra e Filipe para partilhar convosco um pouco mais sobre esta jornada e, assim, entrarmos com a cabeça e o coração no espírito deste Inverno. Quem já está ansioso por enfiar as botas na neve?
Pois tudo aconteceu com uma provocação bem boa do Flávio que em tempos passados se enamorara pelos Pirenéus e queria muito voltar. Desafiados os aventureiros, o programa foi planeado ao milímetro durante semanas para não deixar nada ao acaso. Material, itinerário, meteorologia, refúgios, comida… O mais ínfimo detalhe importa para o sucesso de uma expedição desta magnitude. Inclusivamente, saber esperar pelas condições ideais para progredir com maior segurança e usufruto. No caso do grupo, a aproximação ao primeiro cume foi unanimemente adiada por um dia em consequência de uma chuvada ininterrupta por 10 horas que iria transformar a paisagem muito em breve.
A partida teve o Refúgio de Goriz como destino para a pernoita, a partir da Pradera de Ordesa pelo fantástico Vale de Ordesa. As paragens foram mais que muitas para fotografar o espetáculo que se desenrolava diante dos olhos e para, de algum modo, tentar suavizar o turbilhão de emoções que despontava por todos os lados. “É impossível ficar indiferente à magnificência deste vale” – diz o Filipe, na tentativa de encontrar as palavras certas para descrever os intensos sentimentos e o desvaneio de pensamentos.
No Refúgio encontraram o lugar para descontrair, descansar e acertar os ponteiros para a conquista que se seguiria por um cenário de alta montanha. Sente-se a magia no ar, naquele palco de sonhos, antecedendo a conquista do cume do Monte Perdido, o terceiro pico mais alto dos Pirenéus, e reunindo aquele grupo de aventureiros “na expectativa do desenrolar dos planos, entre a paz e a serenidade do momento presente, e o nervoso miudinho na imaginação do desconhecido” – remata a Luisa.
Não admira que o sono demore a chegar, sob um céu estrelado que vai em cadência.
A subida tem início antes do amanhecer, todos de frontais a iluminar o caminho até o nascer do sol poder revelar o terreno de difícil progressão que se avizinhava pela frente. Eram 9 quilómetros e 1300 metros de desnível positivo, muita neve, gelo, pedra solta…
O relógio batia talvez o meio dia quando atingiram o cume, se é que existem horas nestes lugares em que o vagar, a introspeção e a contemplação marcam o passo e “algo inexplicável acontece, perdem-se as forças, sentes que a pele se rasga, ficas completamente imóvel, aí nesse delicado momento permites que a montanha se apodere de ti”. Não concluiríamos melhor que a Sandra.
O almoço foi, então, nas afamadas varandas dos Pirenéus, prolongando este abismo de surpresa e contentamento. O Flávio lembra-nos que “às vezes é necessário parar, para que as emoções acalmem e possamos desfrutar do que alcançámos!”
Já o regresso fez-se novamente para o refúgio ao início da tarde e depois pela Senda dos Caçadores para uma perspetiva totalmente diferente do vale, um percurso bastante mais demorado, mas de uma beleza igualmente marcada. São cascatas que se atiram do céu, lagoas de um verde explosão e bosques frondosos onde a fauna e a flora se unem num único compasso e deixam qualquer um boquiabertos.
Está, portanto, concluído o primeiro desafio desta Aventura de crampons e piolets pelos Pirenéus, juntando às conquistas uma Via Ferrata, a ascenção ao Pico Aneto e outros quantos desafios que só podemos imaginar. Que tal ir acompanhando as aventuras desta malta incrível?
“E agora?
Acabou?
Assim?
De repente?
Onde vamos buscar novamente aquela adrenalina viciante?” (Sandra)
Fotos gentilmente cedidas por este grupo de amigos aventureiros e apaixonados pela montanha. Obrigada por uma partilha tão boa!