A nossa rota, inspirada na Gravosfera Bimba Y Saloia, tem cerca de 70km, pouco menos de 1200m de ganho de elevação e circula por alguns dos lugares mais remotos do Oeste, partilhando as colinas ondulantes de Torres Vedras com os aventurosos trilhos de Mafra. Pequenos bosques, caminhos sombreados, uma costa recortada, o mar bravio no horizonte e aldeias que ainda carregam fortes tradições tornam este trilho uma experiência prazerosa, apesar de desafiante.
Começamos a rota em Gradil, uma aldeia pitoresca do concelho de Mafra, rodeada por elevadas colinas florestadas e campos de cultivo férteis. Dali seguimos para a estrada principal em direção à Enxara, contornamos a Serra do Socorro a sudoeste bastante cedo e entramos subitamente num corte e costura de estradões de terra batida e estradas pavimentadas secundárias, serpenteando por paisagens rurais e vinhateiras.
Depois de atravessarmos as famosas quintas e adegas do Oeste, onde também é possível marcar uma visita e uma prova de vinho, chegamos ao Eco Caminho do Sizandro, acompanhando o rio por uma extensão mais ou menos plana de cerca de 15 km até ao mar. Esta é uma zona do país deslumbrante e ainda pouco perturbada pelo Turismo, mesmo no Verão.
Pedalamos agora pela costa, os seus desfiladeiros descendo abruptamente para praias selvagens sem acesso por terra. O movimento torna-se mais evidente à medida que chegamos a estradas pavimentadas, mas por pouco tempo, pois aqui decidimos modificar a rota inicialmente programada para evitar uma das mais agitadas estradas nacionais da zona ao fim-de-semana e optar, assim, por caminhos rurais até à praia de São Lourenço, uma praia bastante bonita, situada entre soberbas arribas. Aqui não faltam opções para retemperar energias com deliciosos petiscos tradicionais e bebidas frescas antes de voltar a rolar pelo trilho.
O regresso faz-se por paisagens campestres em direção a Mafra, através de encostas sobranceiras algo ousadas e cansativas, até emergirmos de um arvoredo imenso e avistarmos ao longe a aldeia de Sobral da Abelheira e os seus moinhos de vento. Estamos na reta final e é tempo para mais uma rodada de cervejas e gelados na Associação da aldeia, antes de mergulharmos num dos vales mais bonitos do concelho até à Tapada de Mafra, de nos atirarmos com unhas e dentes à última subida e de deslizarmos com a crina ao vento até Gradil, o ponto de início desta rota.
De uma coisa temos a certeza: vamos querer voltar. Há muito na região do Oeste para explorar ao pedal, e isto é apenas uma pequena e inesquecível amostra daquilo que podemos encontrar.
FICHA TÉCNICA
- Distância: 71km
- Localização: Zona Oeste – Mafra e Torres Vedras
- Rota: circular, sentido contrário ao do movimento dos ponteiros do relógio
- Terreno: 50% gravel/estradão e 50% pavimentado (aproximadamente)
- Dificuldade técnica: propomos um 6/10 na nossa variação à rota original, sendo esta uma classificação subjetiva e individual. O que importa é divertirmo-nos! 😉
- Ganho de elevação: 1163m
- Altitude máxima: 180m
- Altitude mínima: 7m
- Inspiração: Gravosfera
- Mapa/Perfil:
DESTAQUES
As Quintas Vinícolas, Adegas e Vinhas do Oeste ilustrando o perfeito retrato bucólico da região saloia.
A Paisagem rural e as tradições locais que contactamos ao longo de todo o percurso. A gastronomia regional e os produtos frescos são um bónus. Não te admires se o dono do café ou do pequeno estabelecimento da aldeia vá colher um limão à sua horta para fazer a tua bebida.
O Miradouro da Foz do Sizandro, um ex-libris das praias de Torres Vedras. Pedalar ao longo da costa recortada por dramáticos penhascos é uma experiência de sonho. Também não faltam incríveis miradouros naturais para vistas do mar de cortar a respiração.
O Eco Caminho do Sizandro que te leva a rolar agradavelmente até à praia.
A beleza natural das arribas da Praia de São Lourenço.
Regressar pelo Vale do Sobral da Abelheira, um dos vales e estradas mais bonitas de Mafra, foi a alternativa que levámos em conta para nos aproximar de novo do ponto de início e aliviar um pouco o grau de dificuldade da rota original, especialmente nesta altura em que se verifica um corte abundante de eucalipto que está a danificar a paisagem e a complicar a progressão nos trilhos.
O QUE DEVES SABER
A melhor altura para pedalar esta rota é a Primavera e o Outono. Com a chuva muitas das secções ficam dificultadas pela lama, sendo que no Inverno o acesso à praia de São Lourenço fica interrompido pela subida do nível das águas do rio Sarafujo. Já no Verão, as temperaturas elevadas agravam o risco de desidratação e mal-estar, sobretudo pelas secções prolongadas sem sombra.
A rota tem algumas subidas e descidas em estradão, algumas em mau estado, especialmente na zona de Mafra, mas sem secções de hike-a-bike aparentes, o que, mais uma vez, pode variar conforme o grau de conforto da pessoa em cima da bicicleta. Alguns troços mais junto à costa são arenosos, pelo que se recomenda alguma cautela. Não existem subidas longas, mas com alguma frequência assistimos a subidas com mais de % 10 – 12 graus de declive.
No nosso grupo fizemos esta rota com bicicletas BTT e Gravel a um pace tranquilo mas ritmado e com bastantes paragens para café, bolos e gelados.
O Oeste é cheio de encantos e encerra algumas das vistas mais cénicas de Portugal. Não é, portanto, de admirar que seja uma terra de sonho para passeios de bicicleta do nascer ao pôr-do-sol.
Em Colaboração: Ciclo-aventura proposta por Lia (aka lia_bt) | Fotografia por Zé (aka Samurai_de_sandalias)