“As montanhas que escalamos não são só de pedra e gelo, mas também de sonhos e desejos. As montanhas que escalamos são as montanhas da mente.” É uma frase digna de autoria e muito bem feita, de alguém que infelizmente desconhecemos, mas que ganha muitas vezes voz pela nossa DsMile. Apresentamos a Diana, trail runner de paixão e psicóloga dos trilhos, como alguns amigos a chamam.
– “Escuta.” – diz ela muitas vezes.
Formada em psicologia, com um trabalho marcante na área infantil e da juventude, decidir empreender uma aventura com a Diana é garantia de uma viagem à autenticidade do nosso ser. De repente, vemo-nos enlaçados numa partilha substancial e a atribuir significado às mais pequenas coisas.
As experiências, ora a solo, ora partilhadas com os seus amigos do coração, assumem projetos, na sua maioria, com um resultado à vista. Ajudar torna-se um verbo conjugado de todas as formas possíveis e impossíveis com toda a sua mestria.
A Diana tem vários sonhos. Ter uma casa de campo onde poder cultivar os seus tomates e os seus morangos é um deles, as viagens transcendentais são outros. Ir até ao Nepal, à Índia e a Laos é apenas o início. “Quero poder percorrer todas aquelas montanhas e estar ao pé de povos e de culturas que nos ensinam a procurar dentro de nós a nossa verdadeira sabedoria.”
Chegou à Hikers Portugal com um projeto em mente, envolvendo duas das suas grandes paixões. A primeira, as Pessoas. “Verdadeiramente, a minha grande paixão são as pessoas, é estar com pessoas, é conhecê-las e conhecer as suas histórias de vida.” Imediatamente a seguir, ou talvez ao mesmo tempo, surge a Natureza, onde se sente bem e restaura o reequilíbrio. Dois grandes pilares basais que levantam o telhado de uma casa, com início no seu gabinete, com o objetivo de dar a conhecer às suas crianças um mundo que vai além da sua casa e da sua escola. “Junto das minhas crianças quero poder fazer caminhadas e talvez um dia pensar em criar um club de trail ou uma escola de trail para que estes meninos, através do contacto com outras pessoas de outros contextos, possam perceber que o mundo não é só o que eles vêem. Acho que é este o meu papel, ser um passaporte para um mundo maior”.
O trail running é, desta forma, outro projeto de vida, que começou há muitos anos nos trilhos da Serra de Sintra na companhia do seu querido pai. Os pais vivem para sempre, pelo que não há nenhum dia que o seu trote não tenha eco naquela floresta mística.
Mas porquê o trail running? Simples. É a forma que gosta de estar na natureza, porque assim sente a liberdade correr, livre e com vontade, pelo corpo. “Correr devagar ou depressa a mim não me interessa.” Esta é uma grande certeza.
Correr por trilhos de montanha é uma rotina que tem muito bem organizada, respeitando os seus ritmos e todas as suas dinâmicas complementares e incorporando, desta forma, no seu treino semanal, várias outras atividades que lhe dão imenso prazer. Nada dispensa a motivação, uma qualidade sua invejável. “Eu gosto de fazer as minhas coisas porque as quero fazer e não porque as tenho que fazer.” São palavras suas que ressoam nos nossos ouvidos, vezes e vezes sem conta.
Não é uma rotina fácil de organizar e faz com que por vezes tenha de prescindir de outros prazeres, mas no final do dia há um objetivo a cumprir, o sentir-se preparada fisicamente para poder enfrentar os desafios a que se propõe. E a Diana gosta muito de criar desafios para si própria, muito mais do que provas.
Além de algumas provas em que está inscrita, e outras a caminho de o ser, fazer uma prova de 100 km é um objetivo inquestionável e a rebentar aí não tarda. “Gosto de provas grandes, porque eu acedo a locais dentro de mim nestas provas que jamais conseguiria de outra forma. A resiliência, a persistência, a sabedoria e o autoconhecimento que ganho de mim própria nestes desafios longos é, de facto, muito grande e, embora tenha um desgaste físico gigante, venho sempre com o coração cheio.”
De muitos lugares especiais, a Freita tem o maior destaque. “A Freita é a Freita.” Quem conhece esta Serra, certamente não encontra melhor descrição. São os trilhos técnicos, a sua agressividade e a sua complexidade que os tornam extremamente desafiantes e daí tudo pode acontecer. E claro, do pior, o melhor aconteceu. “A experiência que eu tive foi sem dúvida umas das melhores. Fui com 3 amigos que me ensinaram muito. Ensinaram-me que o trail running é tudo aquilo em que eu acredito: é ajuda, é interajuda, é companhia, é cooperação, é divertimento. Quando penso nesta prova, emociono-me, porque foi maravilhoso. Foi maravilhoso o quanto eu me ri, o quanto eu brinquei, o quanto eu me diverti. Lembro-me que à noite fiquei sem frontal e fiz mais de 10km no meio de 3 amigos que iluminaram o meu caminho com os seus frontais, e isto marcou-me, porque eles não andaram nem mais rápido, nem mais devagar, e adaptaram-se precisamente ao meu ritmo para que eu pudesse chegar em segurança. Por todas estas razões, a Freita foi a minha prova.”
Mas não é só a correr que faz a festa, pois também gosta muito de bicicleta, e uma das outras experiências marcantes que teve foi em duas rodas, e non-stop, ao longo da Nacional 2, com o grupo Fuga Rosa. Seis mulheres a serpentear pela Nacional mais ancestral do país por dois longos dias. Uma experiência fabulosa que nunca vai esquecer, onde a cooperação triunfou mais uma vez sobre a competição.
Por tudo isto, e muito mais, esta é dedicada à Diana.
Mais uma #Moeda em breve 🙂